05 março, 2007

Uma Batalhense no Poder

Todos os anos se comemora o aniversário da Batalha do Jenipapo, ocorrida no município de Campo Maior, em 13 de março de 1823, onde piauienses se juntaram a cearenses e maranhenses e guerrearam com o Major Fidié pela Independência do Brasil, derramando alí, às margens do Jenipapo, o sangue dos vaqueiros, camponeses e cidadãos simples, pela unidade nacional. A confusão começou na Parnaíba, em 19 de outubro de 1822 (hoje, Dia do Piauí), quando Simplício Dias e outros, aclamaram a Independência do Brasil. Quando a notícia chegou em Oeiras, então Capital da Província, o Major Fidié, Governador das Armas e defensor da fidelidade à coroa portuguesa, rumou com seus homenas para abafar o fato. Oeiras ficou sem guarnição. Poucos homes da confiança do Major ficaram no lugar. Manuel de Sousa Martins, futuro Visconde da Parnaíba toma de assalto a casa da pólvora e o Palácio da Província, e declara Oeiras Independente.
Quando o Major soube do acontecido, tratou de fazer o caminho de volta. Só que na Piracuruca, Leonardo de Carvalho Castelo Branco já havera proclamado a Independência à frente da matriz de Nossa Senhora do Carmo.
Os campomaiorenses, quando souberam, reuniram - se e ficaram à espreita, esperando o Major que, mesmo tendo vencido a Batalha, rumou para o Maranhão, com medo de enfrentar uma revolta popular no caminho, de regresso a Oeiras. Essa data, 13 de março de 1823, passou a adornar a bandeira do Piauí.
Este ano, o Governador Wellington Dias, resolveu homenagear com a medalha da Ordem Estadual do Mérito Renascença do Piauí, algumas personalidades campomaiorenses, e, qual minha surpresa com a indicação, por parte do professor Fonseca Neto, do nome de Vicência Alves de Menezes. Vejam, porque: Ela foi a primeira prefeita mulher do Brasil (é, porque embora a primeiríssima tendo sido eleita no RFio Grande do Norte, em 1929, não foi válido porque as mulheres só tiveram direito a voto em 1934, com Getúlio no Poder.
Comuniquei - me, então, com dona Léa Ferraz Pessoa, sobrinha - neta da homenageada. Léa mora em Fortaleza, e me mandou o relato abaixo:
"VICÊNCIA ALVES DE MENEZES, professora formada pela Escola Normal de Teresina em 10 de janeiro de 1918, nasceu em Batalha, Piaui, a 1 de fevereiro de 1897, transferindo-se para Campo Maior ainda muito jóvem. Filha de Raimundo Francisco Alves e de Raimunda de Menezes Alves, foi a segunda de dois outros irmãos, Francisco Alves Cavalcanti e José Alves Cavalcanti. Por despacho do Ministério Público de 31/07/1956, teve o seu nome retificado para VICÊNCIA ALVES CAVALCANTI. Solteira, faleceu em Teresina em 1990, não deixando descendentes diretos, apenas sobrinhos.

Tomou posse como Prefeita Municipal de Campo Maior, Piaui, em 27/12/1934, aos 37 anos, em solenidade presidida pelo Bispo de Teresina, D. Severino Vieira de Melo. VICÊNCIA ALVES fica no cargo até 8 de novembro de 1935. Segundo personalidades e historiadores da época, VICÊNCIA ALVES é tida como boa e austera administradora. Manteve o equilibrio das Contas e do Orçamento Municipal do Ano de 1934/1935 de Rs.170:000$000 com despesas previstas de Rs. 169:000$000, e realizou algumas obras tendo como destaque a ponte sobre o rio Surubim. Iniciou, assim, a ligação do centro com o bairro de Flores abrindo oportunidade para a expansão da cidade de Campo Maior, inclusive com melhor comunicação desta com a cidade de Barrras e, posteriormente, com a construção da estrada ( hoje asfaltada ) na gestão do Govêrno Leônidas de Castro Melo.

De acordo com pesquisadores e de informações em "As Mulheres Fazem História", há indicadores de que VICÊNCIA ALVES foi a segunda mulher Prefeita da História do Brasil, após a eleição em 1928 de Alzira Soriano de Sousa como Prefeita de Lages,RN, mas que teve os votos femininos posteriormente anulados, porquanto só em 1932 Getulio Vargas promulga o Novo Código Eleitoral, garantindo finalmente o acesso e o direito de voto às mulheres brasileiras."

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