30 novembro, 2006

De Castello Branco a Tabatinga

Publicado na imprensa piauiense em Junho/2002

Os grandes homens, aqueles de feitos e fatos, não morrem: perpetuam - se na história. Assim quero iniciar minha homenagem ao cidadão HUMBERTO LOPES TABATINGA.

O homem, nasceu em 02 de novembro de 1934, filho de Rufino Lopes Castello Branco e dona Joana. É de uma história de vida fascinante. Contava - me ainda ontem, minha tia Matilde, contemporânea de Humberto, que desde sua morada na nossa vizinhança, aqui na Praça da Matriz, há algum tempo, o grande homem a quem dedicamos essa dissertativa crônica destacava - se pela sua lealdade, amizade e, acima de tudo, pela sua preocupação com a população menos assistida de nossa terra - Batalha.

O interessante notar em seu sobrenome, é que seu pai, Rufino, descendente em linhagem da dinastia de Dom José da Cunha Castello Branco, estudou no Rio de Janeiro Engenharia Mecânica. Ao retornar ao Piauí, instalou equipamentos no Hospital Getúlio Vargas, em Teresina, a Usina Elétrica de Campo Maior, e, depois, a convite de Clovis Melo foi para Batalha, onde montou, equipou e fez funcionar a primeira Usina Elétrica da cidade, cujo equipamento principal, ou o que dele restou, foi transformado em monumento à frente da Biblioteca Pública Padre Guimarães, criada por Humberto quando Prefeito de Batalha. Uma desavença familiar fez Rufino, o genitor, retirar de seus filhos o imponente sobrenome. Dali em diante, todos os seus descendentes passariam a se assinar com o sobrenome Tabatinga, família genuinamente batalhense. Agora, recentemente, seu sobrinho, José Edson, casado com Rosa, filho de seu irmão Francisco - seu "Chico", deu o nome de Rufino Lopes Castelo Branco, a um filho, retomando o sobrenome tradicional da família.

Humberto Lopes Tabatinga casou com dona Raimunda Nonata de Araújo, dona Doquinha, também de importante ramo batalhense. Seu bisavô, José Florindo de Castro foi Deputado Provincial, Intendente da Batalha. Seu tio - avô, Castro Filho, Deputado e Intendente. Seu avô, Fernando, farmacêutico, Intendente e autor da planta de reforma do "frontespício e da nave central" da Matriz de São Gonçalo. Desse matrimônio nasceram Joana Leocádia, homenagem às avós; Maria Angélica e Ângela. Todas muito bem casadas. E com filhos.

Humberto foi Prefeito de Batalha num período de transição, onde o Brasil buscava a democratização de suas instituições. Foi uma gestão voltada para o engrandecimento sócio - econômico e cultural da terra que elegera sua. A terra onde formou família. Me vem à tela da memória, nesse instante, momentos de recordação do Projeto Casulo, que mantinha creches, inclusive uma, funcionando na casa de seu Chico Melo, na esquina da Praça da Matriz com a Praça Antônio Guilherme. Memoráveis desfiles de 7 de setembro folram realizados sob a coordenação das Professoras Maria José da Rocha Melo, Matildes de Castro Machado e Maria Duarte Sobrinho, com a participação de escolas municipais e estaduais. Nesse período houve, ainda, a implantação da primeira Agência do banco do Brasil, para fomentar o desenvolvimento agrícola, e a Torre transmissora de sinal de TV.

Tabatinga era um homem preocupado com os valores de nossa terra. Tanto que , por decreto, criou um concurso público para a escolha dos símbolos municipais, tendo sido vitoriosos a Bandeira, desenhada por Toinha Soares (que saudade!) e o Hino, composto por Nicodemos Rocha, que retrata as riquezas, o passado e o presente, e os desejos do Porvir.

Foi realizada, pela primeira vez, a Feira do Município, com um forte apelo para as demonstrações de nossas riquezas culturais - danças, músicas e artesanato, culinária e gastronomia.

Morreu, o homem, edm 23 de junho de 2002. Ficaram os exemplos. Exemplos de cidadania, amor ao próximo, respeito, honestidade, humildade, trabalho.

De valores inabaláveis, Humberto foi uma fortaleza de espírito. Aliás, espirituoso como poucos. Dele guardarei lembranças inapagáveis. E para ele, me resta mais uma homenagem, em trechos do hino que ele escolheu para todos nós: "...riachos serpenteiam murmurando, ao solo da ametista treme - luz. Óh! Mãe a aurora surge proclamando, os dons e as virtudes que possuis..." e finalizo: " ... Na memória estão os nossos pais, e o passado dorme no teu chão, os sonhos deles tornam - se reais, e nós guardamos suas tradições..." Espero que esses "sonhos", os de Humberto por uma Batalha melhor, com desenvolvimento e igualdade social, se transformem em realidade: justa homenagem do povo batalhense, através de seus gestores, à memória desse cidadão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quero te agradecer pela homenagem ao meu tio, por me informar sobre meu avô e por fazer destacar a história da nossa terra, que ñ deixa de ser um pedaço de nós mesmos. É gratificante e inspirador saber que um nome ficou registrado por seus bons atos. Conheci seu blog hoje, mas eu te conheço de minha infancia. Sou filho do Eduardo Tabatinga, um dos gemeos que vivia correndo e pulando as escadarias da matriz. Um abraço!