28 dezembro, 2006

A Foto do Ano
















"Adorei este sorriso. Eita alegria contagiante!
Parabéns amigo pelo seu blog, adorei!!!
Jacqueline Melo"

"Milton Filho é um sujeito que Deus faz um e quebra a fôrma. A competência e a dedicação ao trabalho são traços marcantes no desempenho do cerimonialista Milton Filho. Na linguagem coloquial "é pau para toda obra", no bom sentido do termo. Com a sensibilidade de uma criança e um senso de humor que deixa qualquer comediante no chinelo, Miltinho é a pessoa que faz a diferença na festa.Sem ele, certamente a festa tá faltando alguma coisa. Lembro-me da imagem na madrugada da Parnaíba, em frente ao cemitério, o Milton Filho discretamente virando uma boa dose de "cowboy". E olha que durante o dia ficou igual uma carne-de-sol no passeio ao Delta. Aproveita as coisas boas da vida sem perder o foco no trabalho sério. Sem querer criar polêmica, mas acho o Miltinho tá mais para a equipe da SAGG do que o seu setor no governo, concordam? Como diz Exupery "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
Carlos Eugênio Teixeira".

26 dezembro, 2006

A Freguesia de São Gonçalo da Batalha

Muito antes de 1853 - marco da criação da Freguesia de São Gonçalo da Batalha, o terreno fértil da religião batalhense já havia sido descoberto. Assim, quando passeamos no Livro Apontamentos Históricos da Piracuruca, de nosso "primo" Jurenir Machado Bittencourt, lançado por ocasião das festas de aniversário daquela simpática cidade, encontramos relatos diversos.

Desde o início da construção da Matriz, em 1794 (concluída, apenas, em 1814) muitos pastores catequisavam e pregavam o Evangelho. Tem - se notícias dos Padres Antônio Sampaio e Francisco Borges, em meados de 1797; Padre Francisco Borges, em 1803; Padre Domingos Dias Pinheiro, em 1804; Padre José Pontes de Menezes, em 1817; e os italianos Frei Apollônio de Mollineto e Lourenço do Monte Leone, "em incursão pela Ibiapaba passaram 21 dias pregando o Santo Evangelho de Deus" em terras batalhenses (in: Cartas Avulsas - caixa 2 - Poder Executivo - Arquivo do Piauí).

Em 1853, foi criada a Freguesia:

Transcrição da Lei de criação da Freguesia:


"Resolução nº 340, Publicada a 24 de agosto de 1853

Crea uma Freguesia no 3º Districto do Termo de Piracuruca, com
a denominação de Freguesia da Batalha


Luis Carlos de Paiva Teixeira, Vice - Presidente da Província do Piauhy - Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Provincial decretou e eu sanciono a seguinte Lei:
Artigo 1º - Fica creada uma Freguesia no terceiro districto do Termo de Piracuruca com a denominação de Freguesia da Btalha.
Artigo 2º - O orago d'esta Freguesia será o de São Gonçalo e a Igreja Parochial a existente no Povoado que lhe dá o nome.
Artigo 3º - Seus limites serão os mesmos que actualmente tem o referido terceiro districto.
Artigo 4º - Ficão revogadas as disposições em contrario.
Mando, por tanto a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida Resolução pertencer, que a cumprão e fação cumprir tão inteiramente como n'ella se contém. O Secretário d'esta Província a faça imprimir, publicar e correr.
Palácio do Governo da Província do Piauhy, 22 de agosto de 1853, 32º da Independência e do Império. Luis Carlos de Paiva Teixeira.
L.S (lugar do selo)
Antônio de Hollanda da Costa Freire"
(in: Código das Leis Piauienses - tomo XIV, parte 1ª - P 23 - 1853)

Faziam parte da Assembléia Provincial, a essa época:

Presidente – Raimundo Antônio de Carvalho
Vice-Presidente – João Antônio Vaz Portella
1° Secretário – Antônio de Sousa Martins
2° Secretário – Francisco José da Silva

Deputados:

Antônio Francisco Sales (Juiz de Direito)
Dr. Simplício de Sousa Mendes
Joaquim Damasceno Rodrigues
Jacob Manoel de Almendra
Antônio de Sousa Mendes Júnior
Eleutério Augusto de Ataíde
Ernesto José Batista
Ângelo Custodio de Araújo Bacelar(Proprietário)
Antônio Martins da Rocha
José Rodrigues Coelho
Mamede Antônio de Lima
Dr. Raimundo Antônio de Carvalho
João Vaz Portella
Antônio Ricardo de Albuquerque Cavalcante
Ângelo Gonçalves (Promotor Público)
Miguel Furtado de Mendonça
Dr. José Mariano Lustosa Amaral
Francisco José da Silva
Otaviano José de Amorim

(in: Legislativo piauiense: www.alepi.pi.gov.br/historia.asp)

Com a sanção da Lei, somente em 1854, realmente, foi instalada a Freguesia, com o reconhecimento do templo de Batalha como Casa de Oração, em 3 de junho daquele ano e, em 20 de agosto toma posse o primeiro vigário oficial, o Padre Antônio Simões de Moura.

A primeira construção da Matriz de São Gonçalo data de 1794, quando foi iniciada e feita uma escriturea pública de doação pelo Major José de Miranda, e concluída 20 anos após, em 1814. Nesses anos todos, sofreu várias reformas.

A Igreja contou, ainda, com uma Confraria, que reunia os "homens de bem" da Villa. Eram os ricos fazendeiros, comerciantes e proprietários, como o Cel Amaro José Machado, Albino Borges Leal, José Florindo de Castro, José Amaro Machado, Antônio Fortes Bustamante de Sá Menezes e Luis Borges Castelo Branco, dentre outros.

O Sino

O Sino de bronze da Matriz - Patrimônio histórico e Cultural da cidade, foi fundido no Quartel das Barras, pelo Mestre Manuel Resplende, que era um exímio conhecedor do manuseio de pólvora para confecção de bombas. À época da fundição dos sinos de Batalha, ocorria a Balaiada - a 'revolta dos balaios' - no Maranhão durante o período de 1830 a 1841 - resultou em mais uma manifestação do processo de crise por que passava a sociedade brasileira durante o período regencial. Sabendo do conhecimento do Mestre Resplende, os revoltosos o sequestraram.

Este sino, hoje, necessita da ajuda de seus abençoados batalhenses. Precisa ser trocado por outro, que custa algo em torno de R$ 10 mil. Uma campanha, encabeçada por nosso amigo Raimundo Nonato Machado - Dudu da Madalena, tenta angariar recursos para a aquisição deste, em Minas Gerais.

O nosso sino, ficará na capéla do Santíssimo, guardado para a posteridade, ladeado por uma placa contando a sua importância histórica para o nosso berço terreno.

Lei nº 346, de 15 de dezembro de 1855

Transcrição da lei de criação da Batalha.

O Comendador Frederico D'Almeida e Albuquerque, Presidente da Provincia do Piauí - Faço saber a todos os seus habitantes, que a Assembléia Legislativa Provincial decretou e eu sanciono a Lei seguinte:
Atigo 1º - A Povoação de Batalha, da Comarca de Parnahyba, fica ellevada a cathegoria de Villa, com a mesma denominação que tem.
Artigo 2º - O seu termo terá por limmites os mesmos da Freguesia.
Artigo 3º - Haverá na mesma Villa um Escrivão com atribuições civeis e crimmes, servindo, também, de Tabelião do Público, Judicial e Notas e mais annexos.
Artigo 4º - Esta Lei só deverá ter execução depois que houver na referida Povoação, Casa de Câmmara, Jury e Cadeia, ou casa apropriada para prisões, promptificadas independentemente de dinheiros públicos.
Artigo 5 º - Revogão - se as disposições em contrario. Mando por tanto a todas as authoridades a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumprão e fação cumprir tão inteiramente como n'ella se contém. O Secretário d'esta Provincia a faça imprimir, publicar e correr. Palácio do Governo da Provincia do Piauhy, 15 de dezembro de 1855 - Trigésimo quarto da Independência e do Império. Frederico D'Almeida e Albuquerque.
L.S. (lugar do selo)
Filinto Ellysio Fernandes de Moraes a fez.
(in: Código das Leis Piauienses - tomo XV, parte 1ª, p 7 - 1855)

A essa época, a composição da Assembléia Provincial era a seguinte:

Presidente –Antônio Francisco Salles
Vice-Presidente – Antônio de Sousa Mendes Júnior
1° Secretário – Francisco José da Silva
2° Secretário – Umbelino Moreira de Oliveira Lima

Deputados:

Antônio Francisco Sales (Juiz de Direito)
Dr. Simplício de Sousa Mendes
Joaquim Domingos Moreira
Jacob Manoel de Almendra
Antônio de Sousa Mendes Júnior
Ten. Cel. Raimundo José de Carvalho e Sousa
Ernesto José Batista
João Ignácio Botelho de Magalhães
João do Rego Monteiro
Umbelino Moreira de Oliveira
Mamede Antônio de Lima
Dr. Raimundo Antônio de Carvalho
Basílio Francisco da Rocha
Umberto Raimundo de Aguiar
João Martiniano Fontenelle
Luís Furtado de Mendonça
Dr. José Mariano Lustosa Amaral
Francisco José da Silva
Benedito Ferreira de Carvalho
Antônio Fernandes de Vasconcelos
(in: Legislativo piauiense - www.alepi.pi.gov.br/historia.asp)

A instalação da Batalha

A Villa da Batalha de São Gonçalo foi instalada em 7 de setembro de 1858, após serem preenchidos os requisitos exigidos pela Lei. A construção das Casas de Câmara, Jury e Cadeia, que compunham o "Paço Municipal", foi custeada pelos ricos fazendeiros e proprietários da terra.

Nessa data, Benício José de Moraes, Juiz da Piracuruca, instala oficialmente a Vila e dá posse ao seu primeiro Governante, o Cel. José Florindo de Castro. A Câmara da Batalha ficou assim composta:

José Joaquim de Carvalho
Galdino Fernandes de Oliveira Rebouças
Antônio José Vaz
Tibúrcio Rodrigues de Carvalho
Joaquim Marcelino de Carvalho
Antônio Cardoso de Macedo
Antônio Lopes de Miranda

20 dezembro, 2006

Termo de Limites da Freguezia de S. Gonçalo desta Villa de Batalha

Relatório do Padre Clarindo Lopes Ribeiro, transcrito do Livro de Tombo da Paróquia e datado de 22 de janeiro de 1911:

" É muito para admirar que, sendo há tantos annos creada esta freguezia, como sabemos e abaixo mencionamos, somente agora em o nosso parochiato se achem delineados todos os pontos de contacto desta freguezia com as outras suas limitrophes!

Ao mesmo tempo, porém, que isto, vem calar fundo em nossos corações, depara - nos que isto não fôra desleixo dos nossos predecessores, porquanto, em o primeiro livro que servia de Tombo desta parochia, se achava juntamente a Lei da creação desta Freguezia, e por conseqüência, esclarecidos os seus limites; causa porém alheia a nossa vontade, veio trazer - nos a improvancia desses mesmos limites, a qual não me é estranha.

Até o parochiato do Revmo. Sr. Padre Gervásio, esta freguezia achava - se de posse de todo o histórico dos acontecimentos n'ella desenrolados, porém, como não nos é desconhecido, este zeloso Vigário teve um accesso de loucura e isto foi bastante não só neutralizar toda a marcha de um belo ministério, como também vir de um certo modo, prejudicar o archivo da freguezia, reduzindo - o quase todo a cinzas, fazendo parte desse fatal dezastre, o nosso livro que servia de - Tombo.

Eis pois a razão porque, conhecedor desse facto, achando - se a freguezia na escassez dos seus limites, ouvidei todos os meus esforços para, de novo, reencontral - os.

Transcripta a lei da creação desta freguezia, é mais fácil saber os seus limites; e para isso pedimos a um amigo que nos desse, por cópia, os limites civis no tempo que data a creação da freguezia (24 de agosto de 1853), o que, solícito, não se fez tardar, offerecendo - nos o que abaixo transcrevemos:

Limites:

Do rio Longá, na passagem que segue para as Barras dahi em linha recta ao município de Peripery, passando pelas seguintes moradas: Jenipapeiro; Buqueirão; Jabuti; Triângulo; Atoleiro; Morada de Dorothéu Pereira; Palmeira. Anajá, Terra Nova, Poço, Tapéra; Satisfeito dahi em rumo a Piracuruca pelas moradas seguintes: São Paulo; Carêtas; Cajueiro; Porto do rio dos Mattos; e deste, em direcção de uma mata que se tem entre as fazendas Boca da Picada e Lagoa do Sacco, e dahi tomando direcção a fazenda do falecido Prudente Rodrigues de Carvalho, sob o nome Jucá, passando na Picada da Cuia que extrema com o município de Burity dos Lopes, dahi rumo para os logares Atajuba; Verêda; Arame; Barreira Branca; Cantinho, e dahi saindo pela margem direita do rio Longá atté a passagem de Barras, já acima referida.

Batalha 22 de janeiro de 1911

O Vigário, Padre Clarindo Lopes Ribeiro".

Reflexão para o nosso Natal

Gente, olha que mensagem linda... É o "meio termo" para uma boa reflexão nesses dias.

"Neste natal vamos multiplicar amor! que nossas mãos sejam portadoras de paz, de afagos, de carinhos; que escorra delas os mais límpidos sentimentos de bálsamos, de alívio, de força, de luz!
Que possam ser espalhadas boas sementes na terra árida, fazendo germinar o amor entre as pessoas, multiplicando cada melhor essência de nós, fazendo-nos fortes ao meio à tempestade, deixando-nos ver o sol que nasce:
que rompe a noite...
que se faz dia...
que se faz belo....
que se faz vida...
que se chama amor!


Este Natal deve ser um
Aconchego de Paz.
A paz que você tanto almeja faz morada em seu coraçãoe anseia por fazer-se sentir em seus relacionamentos consigo mesmo, com o mundo e com Deus.

Acalente a paz!
Vez por outra, distancie-se de fontes de barulhoe mergulhe no silêncio. Ouça Deus que fala no esplendor da Criação,no âmago de seu coração e lhe faz o convite:"Venha a um lugar deserto..."Acalente a paz ouvindo os sons da naturezaou estilos de músicas que acalmam, relaxam e harmonizam.

Alimente a Paz!
Considere suas leituras, diversões,o uso que faz dos meios eletrônicos e questione o que disso resulta para seu sistema nervoso,seu modo de pensar, sentir e agir. Alimente a paz fazendo escolhas inteligentes. Que tanto seu corpo quanto sua mentee espírito tenham alimento e tratamento saudáveis.

Repense a Paz!
Mostre compreensão para consigoe para com quem lhe causa alguma ofensa ou agressão.Espere que se acalmem as tormentas,e que não afetem suas reações. Experimente ler nas entrelinhas,olhar os acontecimentos com os olhos de Deus,ir além das aparências, devolver recados amorosos,lembrando Cristo que disse:"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem".

Acorde a Paz!
Avalie seu envolvimento em tantas atividadese ofereça mais tempo para ouvir o que seus familiares,amigos, vizinhos e colegas têm a dizer. Há preciosidades no passado, tesouros de famíliaque fazem parte de sua história e, cujo resgate,podem dar novo sentido à sua vida.Lembre-se: Você faz parte de um todo,interage com muitas pessoas,mas as mais próximas são as que têm a possibilidade de ajudá-lo.

Reconsidere a Paz!
Experimente encontrar tempoe jeito de aproximar-se dos atarefados, cansados e nervosos;oferecer companhia de silenciosa espera, lembrando o Mestre que disse:"Vinde a mim, vós que estais cansados e sobrecarregados...aprendei de mim que sou manso e humilde de coração"Saboreie a prosa e a poesia, os serões na varanda,o jantar à luz de velas, passeios ao luar,artesanato, histórias, canções e brincadeiras.Acolha a Paz !Aquiete-se! Encontre tempo e espaço para Deus e sintonize com o infinito.

Ouça a voz dos Anjos em coro:"Glória a Deus nas Alturas e Paz aos homens de boa vontade"!Aceite o abraço da graça, da misericórdia e do perdão,da reconciliação e da paz.
Abra os ouvidos de seu coração para a voz do Ressuscitadoque ainda repete:"Dou-vos a paz, deixo-vos a minha Paz"

Ajude em Paz!
Procure ao seu redor a menção do amor filial. Do amor, que, em paz, ajuda em silêncio.

Dê a mão a um irmão... Olha quem passa, aquele, que, pela sorte, nasceu manco, sem visão, sem voz, sem ouvir... Aquele que pelo tempo, nasceu sem sentidos, nasceu desprovido da facilidade que nós temos de ir, de vir... De pular, de rir, de gargalhar, de correr... Ai, a paz... Ela é muito paz! Veja que esses nossos irmãos, são nossos irmãos... São até mais irmãos do que nós mesmos de nós! Vivem em Paz! Talvez até comunguem a Paz!

Presenteie-se, você é um presente de Deus para nós!
Areje sua morada interior, limpe as vidraças,deixe o sol fazer festa nas arestas do seu coração. Convide o luar ou as estrelas para brincarem de acender centelhas de risos, centelhas de fé.
Embrulhe-se em delicadezas e simplicidade e prepare-se para receber JESUS - o Príncipe da PAZ. Em cada celebração de Natal, Ele pede amorosamente, acolhida e pousada em seu coração, morada preferida de Deus.

Tenha um Natal cheio de luz. Cheio de Bondade! Cheio de Amor! Cheio de Paz!"

15 dezembro, 2006

15 de Dezembro: uma discussão sadia

Me recuso a aceitar a data de 1938 como a da emancipação da Batalha. Para tanto, publico abaixo, texto de autoria do Professor Fonseca Neto, publicado na coluna Escrevo e assino em baixo, do Jornal Diário do Povo, quando da publicação de meu livro Sob as bên~çãos de São Gonçalo - Aspectos históricos de Batalha.

O Professor Fonseca Neto é referência quando o assunto á História. Advogado, é Professor da Universidade Federal do Piauí, onde é Diretor de Centro. Muito respeitado no meio cultural piauiense, o Professor disserta sua opinião sobre o que eu escrevi em meu livro, e fala sobre as datas batalhenses.

Batalha de São Gonçalo: do Sagrado ao Profano

Por intermédio do amigo e professor Urbano Castro Machado, chegou - me às mãos há alguns dias o livro que Milton Martins Filho escreveu sobre a cidade e o município da Batalha, neste estado.

Trata - se de um resgate histórico interessante esse do Miltinho (assim o autor é conhecido entre os seus). Organizado e apresentado de forma a sobressair uma linha cronológica, além de alguns breves ensaios sobre fatos e personalidades locais, o estudo cumpre um papel essencial: traz a público um conjunto de informações sobre a origem e a formação da comunidade batalhense, notícias essas certamente pouco conhecidas ou mesmo desconhecidas de muitos.

Numa de suas obras mais festejadas, o livro Passeio a Oeiras, o historiador Dagoberto Carvalho Júnior enuncia uma frase de efeito e muito acertada (lapidar, por assim dizer): "Nenhuma cidade é portuguesamente brasileira se não nasce em derredor de uma igreja". Diz isto para começar a falar da primeira entre as primeiras Vilas - Cidades do Piauí, sua terra - berço.

Nesse trabalho, Carvalho Júnior nos conduz a um passeio pela trissecular Oeiras, seguindo um roteiro sentimental e pitoresco incensado pelo lirismo e poética.

De outra maneira, focando com lentes possantes o processo de constituição do espaço público urbano brasileiro, Murillo Marx, numa tese de livre docência apresentada à USP - Universidade de São Paulo, há dez anos, e logo feita em livro, vê - se quão poderosa e determinante foi a influência da esfera eclesiástica no dito processo.

O livro de Marx chama - se Nosso Chão: do sagrado ao profano (escreveu outro depois, 1992, Cidade no Brasil: Terra de quem?, em que retorna à questão). Em ambos, esse autor mostra de forma brilhante como o espaço urbano no Brasil, fundado canônicamente em "derredor" e em função da igreja("local pio","sagrado"), foi sendo secularizado/laicizado e se transmutando em chão público - civil ("profano"). Dizendo de outra maneira: de como a "Terra do Santo" foi se tornando "terreno foreiro municipal".

Em recente estudo de autoria das professoras Maria Célis Portella Nunes e Irlane Gonçalves de Abreu, intitulado Vilas e Cidades do Piauí (FUNDAPI, 1994), tomando de certo modo e em certa parte o esquema explicativo do próprio Murillo Marx, examinam elas o processo de formação das primeiras freguesias e vilas piauienses, chamando a atenção, sobretudo, ao traço comum destas, qual seja o nascimento a partir das capelas erigidas nas fazendas de gado.

Dizem Célis e Irlane (p. 92): "Via de regra, instalada a fazenda, assentados os fregueses ou vizinhos, o proprietário, por sua vontade ou atendendo a rogo de terceiros, cedia uma parcela da terra a um santo da devoção daquele povo. Erguia - se, então, uma capela (...). A terra do Santo transformava - se, a partir de então, em terra de ninguém (o poder de seus ex - donos, em tese, se tornaria igual ao dos outros fregueses) e em terra de todos em relação ao chão em que estava enraizado, um significado especial: não era público e nem privado, mas transcendia a esses domínios, tornando - se no imaginário popular um símbolo de proteção, tanto na vida como na morte. A própria ascensão de uma pequena freguesia à condição de vila, e depois à de cidade, tinha seu aval na Igreja". Apenas um reparo nessa análise: era mais comum, ao que se sabe, os fazendeiros adotarem como orago os Santos de sua devoção e não os do povo.

É possível que Miltinho não tenha tido acesso a esses estudos e interpretações, até porque não os cita. Mas o livro que fez sobre Batalha mostra exatamente o nascimento de uma comuna piauiense perfeitamente conformada na explicação acima. Aliás, a formação da Batalha evidencia outro traço geral e muitas vezes propositadamente esquecido que enreda o nascimento das comunidades lusas neste lado do Atlântico: o genocídio das populações nativas.

A atual povoação da Batalha é fundada no momento mesmo em que tropas a soldo de entradistas chefiados por Bernardo de Carvalho (Mestre de Campo e "senhor" de Bitorocara/Campo Maior) esmagam no campo de batalha os seculares e autênticos habitantes do lugar, os índios. Isto ocorreu, em algum(uns) dia(s) dos meses finais do ano de 1712, e logo depois "brancos"(fazendeiros e vaqueiros) tomam de conta definitivamente das terras e instalam seus criatórios. Está fundada a hoje cidade da Batalha. Em 1725, já estava levantada a Capela de São Gonçalo.

Gonçalo Carvalho da Cunha, Capitão - mor das Entradas é um dos chefes dessa (para eles) vitoriosa perseguição aos nativos. Miltinho não afirma, mas deve ser esse o Chefe que se impôs como "posseiro" do lugar, fundando assim a Batalha, e se constituindo no único eleitor de São Gonçalo para orago e protetor do lugar/povoação que fundara com a dizimação da indiada. O Padre - historiador Cláudio Melo, que em Portugal garimpou como ninguém dentre nós um grande número de importantes documentos da História do Piauí (alguns deles citados - transcritos pelo próprio Miltinho), ajuda - nos a revisitar esse cenário de guerra em mais de um de seus estudos.

Aliás, um desses documentos é datado de 25 de maio de 1713 e foi escrito por Sebastião Lima, e nele há a notícia dessa guerra "justa" aos índios no lugar da hoje povoação da Batalha (MELO, Cláudio. Bernardo de Carvalho. Teresina. EDUFPI, 1988. p. 31).

Num dos capítulos, Miltinho discute e recusa, acertadamente, uma data do ano de 1938 escolhida como da "emancipação" político - administrativa do hoje Município. De direito Batalha foi feita município em 1855, no mesmo lugar da Freguesia/Paróquia, no espaço da jurisdição civil do Terceiro Distrito do Termo Judicial da Piracuruca. De fato, ela foi fundada em 1712/13, portanto exatos 140 anos antes da Freguesia e 142 anos antes do município. Se é mesmo para se escolher uma "data magna", cheia de grandeza para a comunidade celebrar, porque não volver à vitoria na batalha donde nasceu a Batalha?

É de se indagar, todavia: convém celebrar uma façanha que demarca uma vitória do "branco" (português) sobre o vermelho (indio)? Sim, assim me parece e tudo depende do tipo de valoração que se dê ao fato histórico. Afinal, a história se move remoendo contradições.

Tinha mais a dizer sobre o livro de Miltinho Martins, mas meu espaço acaba de acabar. Resta um cumprimento final e um convite para que ele aprofunde, ainda mais, suas pesquisas. Todos temos a agradecê - lo: sua terra, com sua legião de Gonçalos e nós, que amamos a história.

13 dezembro, 2006

O sorriso do José Milton


É esse sorriso inocente, do José Milton, o presente para Batalha, nesses 151 anos de existência!

Para ela, a nossa terra - mater, toda a pureza do sorriso de uma criança, fruto de seu passado, esperança de seu futuro!

Batalha, meu amor

15 de dezembro de 1855. Imagino, eu, afeito ao metier diário de Cerimonial e Protocolo, que deva ter acontecido um ato solene.

Teresina, recém transferida sede da Capital da Província do Piauhy. Pelas tantas horas, reunidos no Gabinete do Presidente, autoridades diversas. O Presidente da Assembléia Provincial, Antônio Francisco Salles e os Deputados Simplício Mendes, Jacob Almendra e José Mariano Lustosa Amaral dão o tom político do evento. Na tribuna, a Lei de criação da Batalha.

O Comendador Frederico d’Almeida e Albuquerque, Presidente da Província, eleva a Povoação da Batalha a categoria de Villa com a mesma denominação.

Antes disso, em 1842, José Felício Pinto, em seu livro O Município no Piauí, nos dá a notícia do desmembramento do território de Batalha do município de Piracuruca, nosso tronco - mater. A Matriz de São Gonçalo, iniciada sua construção em 1794, fora concluida em 1814: 20 anos. Em 1838, Manoel Resplende funde os sinos de bronze de nossa Igreja, no Quartel das Barras, antes de ser sequestrado pelos revoltosos da Balaiada.

Antes disso, Luis Carlos Paiva Teixeira, magistrado - como Presidente da Província do Piauí criou em 22 de agosto de 1853, a Freguezia de São Gonçalo da Batalha, reconhecendo o seu templo, como casa de oração, em 03 de junho de 1854, quando tomou posse o seu primeiro Vigário, o Padre Antônio Simões de Moura.

A Villa da Batalha, então, criada em 15 de dezembro de 1855, fora solenemente instalada em 07 de setembro de 1858, no "Paço do Conselho", também, suponho, em uma cerimônia festiva, pelo Juiz de Piracuruca, Benício José de Moraes. Nessa ocasião, foi dado posse ao Conselho de Intendência, à frente, José Florindo de Castro.

Daquela Batalha distante na história, nos restou resquícios da Matriz de São Gonçalo, reformada e com suas torres derrubadas. Das torres antiga nos restou apenas os sinos, que, em seus repiques, nos trazem lembranças longinquas...

Ficou, também, para as nossas gerações, a Fé de nossos antepassados, no nosso Patrono, Padrinho, Padroeiro querido, São Gonçalo, que, de seu altar, passa os dias e as noites em vigília a nos abençoar, iluminar e guiar nossos passos com a divina bênção de Deus.

É para Batalha, meu eterno caso de amor, que ofereço essa singela homenagem. Uma homenagem que se estende aos seus filhos: aos que nos deram a vida, nossos pais; Aos que nos fizeram continuar na vida, mais pais ainda. Aos amigos perdidos nessa longa estrada. Aos que ainda estão por aqui... Aos que já se foram, para outras paragens... para outros lugares... para outros andares... para o além, nos deixando com a saudade infinda.

Mas para Batalha, quero deixar o sorriso do José Milton, ali da foto de cima, como símbolo de esperança em uma Batalha promissora... Que o futuro guarde para ele, e para todos os da idade dele, a quem ele representa nesta crônica, o que nós pudemos e faremos de melhor para nossa terra - berço, nosso torrão natal. É para ele, e para eles e elas, nossos filhos e filhas, que estamos buscando fazer uma Batalha mais justa. Mais digna.

E junto, esse magnífico refrão, plageando o nosso Hino: "Batalha terra eternamente amada, teu nome em nosso peito faz pulsar. E para te ver sempre exaltada para a glória havemos de lutar!"

04 dezembro, 2006

A Festa

Nossa turma da Superintendência de Articulação da Gestão Governamental - SAGG, da qual eu não faço parte, pois sou da Supérintendência de Gestão Interna, mas, metidamente, estou em todas, reuniu - se para uma comemoração de alguma coisa. Acho que foi da AMIZADE, que está imperando como nunca!

Desta vez, foi na casa dos pais da esposa do Ricardo, a Cássia. Foi tudo muito bom. A Carneirada da SAGG teve a participação especial de nosso querido amigo João Eudes, de São Raimundo Nonato, que trouxe dois carneiros "gordíssimos" preparados devidamente pelo Joãozinho e sua esposa, e servido assado e "trinchado" pelo Zezinho e pelo Maninho.

Quase todos compareceram. Faltou o "gostosão" do Gilson, o Guto, "mortiça", e a Rosinha. A Celene foi com outra amiga. Aumentou, dessa vez, o Petit, com a esposa, e a Mara Beatriz, com o esposo. Foi super animado.

A música truou durante a noite: Frank Sabbá, que arrasou no violão, foi acompanhado pelo Petit e por mim. Cantamos todas do Roberto Carlos, algumas das antigonas de seresta eoutras não menos populares.

O assunto, como não poderia ser diferente, foi nosso agradabilíssimo passeio ao litoral. E o ponto alto da festa, foi a fala do Chico Antônio, nosso Superintendente, que arrasou nos agradecimentos e em suas palavras. Foi o momento mais emocionante, pois o João Eudes, coitado!, quase se acaba de emoção. A Lourdes, altamente nervosa, teve logo uma crise, não sei de que, mas teve.

Todos saíram, foram se indo, aos poucos, e ficamos só nós: Eu, o super - irmão ativar, Jonas, o Carlos Eugênio, Rocha, Samaritana, Ricardo, a esposa e a sogrinha. Ficamos até o sol raiar. Faziam muitos meses que não sabia o que era chegar em cas com o sol no nascente!

Mais uma vez, foi 10, ops, 13!

A Festa 1




A Festa 2




A Festa 3




01 dezembro, 2006

Ao Mestre Fabiano, com louvores!

Publicado na imprensa piauiense em 08/2004

A Academia de Letras do Vale do Longá decidiu, em reunião de seus acadêmicos, aumentar o número de cadeiras daquele sodalício e prestigiar figuras de importante relevância no mundo cultural da região de sua atuação. Isso é louvável! Através da coluna da ALVAL, tomei conhecimento da homenagem a Manuel da Costa Lima, músico batalhense da melhor estirpe e um dos maiorais da cultura tupiniquim.

Seu Fabiano, como era conhecido, notabilizou - se por sua simplicidade, humildade, mas de uma riqueza espiritual das mais belas e merecedora de nossos encômios. Analfabeto, por não ter frequentado escolas, mas de uma sabedoria infinita, destacou - se desde muito cedo por sua inteligência musical. Foi um eximio saxofonista.

Sua produção musical inspirou gerações. Inspirou e animou milhares de jovens por esse mundão afora. De tantas, voltemo - nos à valsa Momentos felizes. Melodiosamente linda! Ternamente clama e mansa! Ouvi, do próprio Fabiano, ainda em vida, que a mesma fora composta em meados de 1918, numa viagem que empreendera no lombo de um jumento, de volta a Batalha, depois de um animado e concorrido baile que tocara na Piracuruca de Nossa Senhora do Carmo. Cansado, parou para descansar, quando o sopro de sua aguçada e audaciosa inspiração, lhe trouxe à tona a valsa que se tornaria, em pouco tempo, um lenitivo para os ouvidos mais exigentes. A ouvi várias vezes, até solfejada pelo autor. Emocionei - me, ouvindo - a em duas oportunidades: a primeira, em Oeiras, por ocasião das comemorações do 24 de janeiro, em 2003, executada pelas senhora octogenárias do grupo Bandolins de Oeiras; e a segunda, dias atrás, com o maravilhoso e querido Paulinho Ferreira, bancário aposentado, executando no acordeon, acompanhado da Carla Ramos ao piano.

De sua lavra, várias outras composições consagradas e tocadas em Bandas de Música. Sua paixão eram instrumentos de sopro, registre - se. Foi ele que ensinou uma geração de bons músicos espalhados por aí. Regeu Bandas em Luzilândia, Barras, Esperantina, Piracuruca, Ubajara. Andou pelo Maranhão, também. Foi bravo em seu mister!

Homenageou diversas personalidades, criando valsas e dobrados. O Coronel Torres de Melo, que comandou a gloriosa PMPI virou nome de dobrado. Seu genro, Simplício, casado com a Tetê, tem a família toda musical. São netos e netas do velho Fafá. Os meninos, ligados à Polícia, ao Exército e à Banda 16 de agosto, da PMT. Lima Neto, filho da querida Maúde passou por todos os instrumentos musicais.

A memória musical de Batalha está resgatada em dois cd´s, Alvorada Batalhense. Com músicas de Fabiano, Quincas e Pantim.

Assim, cabe um agradecimento à Academia de Letras do Vale do Longá, através de sua Presidente, Socorro Carvalho, emérita Professora da UFPI, e irmã do saudos Zé Carvalho, casado com dona Adelaide, e a seus acadêmicos: Gisleno, Francy, Carlos Magno, Reinaldo, Léa, Homero, Herculano, Lizete, Antenor, Bilé, Dilson, Dayse, João, Magno, Geraldo, Melquisedeck, José, Delson, Cléa, Altevir, Tomaz, Frederico, Wilson, Ribamar, Sarah, Pedro, genuíno, enfim, a galeria de imortais que homenagearam Batalha. A Batalha de São Gonçalo, santo padroeiro ao qual Fabiano compôs, na década de 40, e dedicou -lhe um hino, ainda hoje entoado com fervor por nós, seus devotos: " Quando o inferno conspirado, julgar minha perdição, Glorioso São Gonçalo, vem salvar meu coração! Ao bom povo de Batalha, vossas bênçãos derramai! Glorioso São Gonçalo, a Deus por nós, Rogai!"